arte total
Arte Total é uma estrutura de criação, produção e mediação de públicos dedicada às práticas artísticas contemporâneas, criada em 1992.
Os três domínios: criação, programação e acções de mediação de públicos complementam-se e articulam-se entre si, contribuindo com as suas especificidades de conteúdos e tecnologia para um projecto total que carrega uma poética feminista, alinhando-se com uma postura ética, estética e política de resistência e criação de outras possíveis figurações para o corpo e para a sua subjectividade.
É parceira do Município de Braga para a promoção e inclusão social através das artes nas escolas públicas e criação artística, pertence à REDE, colabora com o Theatro Circo na divulgação, promoção e criação na área das artes performativas, apoia e desenvolve projectos com o Mosteiro de Tibães, Museu dos Biscaínhos, desenvolve residências com o Gnration e actua directamente em projectos artísticos com Universidade do Porto, Universidade do Minho e International Nanotecnology Laboratory. Mantém um trabalho continuado de cooperação com outras áreas sectoriais como a BragaMob no intercâmbio europeu de formação profissional e a PracticalCapacity na assessoria de condição física dos operários e sustentabilidade ambiental. É parceira do Braga Media Arts| UNESCO e cooperou com o projecto Braga'27 na candidatura da CEC 27.
Após 30 anos de trabalho regular apoiado pelo Município de Braga e com apoio financeiro do Governo Português através do Ministério da Cultura-Direção Geral das Artes desde 1998, mantém uma actividade focada na produção artística contemporânea que privilegia o trabalho de carácter experimental e fora dos circuitos comerciais. Juntando a performance às artes visuais, a dança à música ou as tecnologias digitais à criação de processos de trabalho e investigação em dança, o Plano de Actividades da Arte Total tem incluido estreias absolutas nacionais e internacionais, apresentações informais de processo de criação, intervenções em espaço público e em sectores sociais particulares, explorando o diálogo entre diversas propostas artísticas, o espaço da cidade e o público que nela habita.
equipa
Direção Artística Cristina Mendanha
Direção e Produção Executiva Gabriela Barros
Produção e Comunicação Carolina Vieira
Produção e Montagem Sérgio Julião
Produção e Montagem | Gestão Administrativa Sara Feio
espaço
Mercado Cultural do Carandá
Os estúdios da Arte Total estão situados no Mercado Cultural do Carandá, projecto do Arquitecto Eduardo Souto de Moura. Este espaço funciona como Dance Venue da cidade de Braga, onde se realizam aulas, workshops, residências artísticas, performance e exposições.
Este projecto é resultado da reconversão e adaptação do antigo mercado municipal de Braga (projecto do mesmo arquitecto). O edifício do antigo Mercado tinha como características principais a clareza e a força enquanto elemento urbano demarcador, articulando um modelo clássico e um mecanismo compositivo moderno. O modelo de stoa grega possibilitava a conjugação do carácter de percurso, da atividade comercial e das questões de salubridade requeridas legalmente, todavia, do ponto de vista funcional, o Mercado de Braga não prosperou, pois, essa mesma arquitetura era deficitária relativamente a questões de conforto.
A certa altura, a função para a qual foi desenhado originalmente revelou-se incapaz de exercer atratividade suficiente sobre o setor comercial da cidade.
Apesar do estado deteriorado, o Mercado não perdeu a sua projeção a nível internacional. O reconhecimento conquistado, enquanto obra de referência arquitetónica, levou a Câmara Municipal a repensar a possibilidade de demolição, solução defendida inicialmente pelo próprio autor quando confrontado com o estado de crescente decadência em que o edifício se encontrava. “(...) as pessoas e as coisas têm um tempo de vida. Penso que ele [o mercado] cumpriu a sua missão, apesar de ter uma carga afetiva em relação aquele objeto, prefiro que ele desapareça do que morra lentamente por arteriosclerose. Cumpriu a sua missão e presentemente não é usado; que fique na memória das pessoas." Todavia, a população apropriou-se do espaço degradado, consolidando a sua ligação com a cidade, com o lugar e o seu papel de memória coletiva de uma sociedade.
Reaproveitado e revalorizado pela própria população, inconscientemente,
verificou-se que o espaço do mercado funcionava de facto como “ponte” entre
duas áreas da cidade, ou seja, que a sua função de conector prevalecia.
É nesta perspetiva que Eduardo Souto de Moura aceita conceber a reconversão do Mercado de Braga: da mesma forma que, no primeiro projeto, (1980-1984), a memória da quinta influenciou diretamente a opção projetada, também na intervenção seguinte (1997-2001), a preexistência servirá como matéria disponível física e processualmente. Contudo, esta preexistência terá uma particularidade interessante – é uma obra sua. Para além da preexistência, Eduardo Souto de Moura teve também em consideração, para a reformulação do seu projeto, o programa para a construção de várias escolas que se iniciava na zona do Carandá. A reconversão de uso apareceu, assim, como forma de revitalizar este ponto obsoleto da malha da cidade, preservando simultaneamente a memória do que já ali existira. A clareza linear do Mercado permitiu que a sua reconversão se baseasse numa inversão dos seus elementos interiores em elementos exteriores e vice-versa, desempenhando, assim, outras funções, sendo, contudo, preservado o carácter de acesso público que detinha anteriormente. Estes elementos, na nova intervenção, foram considerados vestígios arqueológicos de uma existência prévia, que conservavam a imagem simbólica que caracterizava o espaço e a sua memória – a bancada que servia o mercado, no plano a norte, os módulos interiores, o atravessamento pedonal, os pilares e os muros de pedra.
O arquiteto removeu os elementos que considerou descontextualizados ou degradados e manteve o que considerou útil como matéria de projeto, ou seja, os elementos capazes de integrar o novo projeto, criando relações fundamentais para o seu enquadramento e contextualização. O Mercado tradicional serve, desta forma, de cenário à construção de um Mercado Cultural, cuja transformação se realizou através da interpretação depurada da obra existente.
O que era mercado passa a ser jardim urbano e aquilo que era espaço residual envolvente ao edifício é ocupado com construção. Mas um elemento impediria que esta inversão fosse completa: a laje que caracterizava notoriamente o edifício. “Inicialmente pensei fazer de novo a cobertura(...),” afirma Eduardo Souto de Moura, colocando a hipótese de reconstrução. Os entendidos responsáveis mostraram-se reticentes em tomar uma atitude efetiva em relação ao construído, pretendendo uma manutenção integral de um edifício que, na opinião do arquiteto, já não fazia sentido. No entanto, a cobertura apresentava problemas estruturais desde a sua execução, então esta opção revelou-se excessivamente dispendiosa. A demolição parcial da cobertura fez, então, emergir os pilares que a suportavam e, verificando-se o seu bom estado de conservação, Eduardo Souto de Moura tomou a decisão de conservá-los. Agora elementos singulares, sem função, porventura excessivos em quantidade e sem remate no topo, o que torna visível a sua armação interna em cabos de aço, evocando colunas com capitéis contemporâneos, construtivistas, característica esta que Eduardo decide evidenciar depois de observado o efeito visual criado. Para além de ritmar o percurso e funcionar como uma simulação da ruína que perpetuará a memória do antigo mercado, a manutenção dos pilares serve, num sentido mais prático, de suporte técnico para a iluminação do espaço, pois possibilitou que se abdicasse da instalação de postes de iluminação artificial.
Eduardo Souto de Moura desconstruiu a sua obra original e deixou parte dela com o intuito de evocar sentimentos e de apelar à memória do lugar.
A ruína é, de certa forma, inventada e utilizada neste projeto como componente cénica, não decorrente da passagem do tempo e do abandono, mas sim de uma manipulação acentuada pela dramatização intencional.
parceiros
Estrutura financiada por Dgartes - Direção Geral das Artes | República Portuguesa - Ministério da Cultura
Protocolo com Município de Braga
Parceiros Município da Póvoa de Lanhoso | INL - international iberian nanotechnology lab | Theatro Circo | Museu dos Biscaínhos/DRCN | Mosteiro de S. Martinho de Tibães /DRCN | GNRATION | Forum Arte Braga | Casa Moinho da Porta | WEturnOn | Museu Nogueira da Silva | Quinta da Pereira | Bragamob | Pratical Capacity | Braga International Video Dance Festival | Banquete | DrummingGP | Banda Filarmónica de Bouro | i2ADS | Passeio – Plataforma de Arte e Cultura Urbana | CIEd – Centro de Investigação em Educação | MILOBS. | Associação Maconde | Agrupamento de Escolas André Soares | Carolina Rendeiro Honorary Consul of Portugal - Miami | Pasquale Direse Academy of Fine Arts of Florence | Agrupamento de Escolas Alberto Sampaio | Sindicato da Poesia | Produções Real Pelágio