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entrevista

Peter Michael Dietz

 

- Quem és tu?

Meu nome é Peter Michael Dietz, eu sou dinamarquês mas não moro na Dinamarca nos últimos 25 anos, grande parte da minha vida profissional, se por dizer assim tem sempre uma ligação com Portugal, para mim é um lado positivo e pronto… (risos) eu ainda estou aqui. Sou casado, tenho duas filhas, não tenho animais em casa mas gosto de animais. Há pessoas que dizem que eu sou um animal de mim próprio mas eu acho que na verdade eu sou uma pessoa muito doce, muito simpático, não luto com ninguém, sou sempre assim mentiroso, minto muito sobre tudo mas ao mesmo tempo se eu quiser dizer a verdade, era… “como dizer isso?”, o que eu vou dizer muitas vezes porque as vezes fico preso nas palavras. Eu acredito muito na dança como um estímulo que muda no mínimo a maneira de sentirmos. Antigamente eu trabalhei muito com esportes, diversos tipos de esportes e nunca senti completamente satisfeito com estas propostas que existe e nesta altura, hoje em dia mais, muito mais esportes radicais talvez se tivesse todas essas possibilidades não estava a dançar hoje, talvez. Tenho 47 anos, vou fazer 48 e sou um dos famosos de 66 , o que ninguém sabe que  é um numero mágico, quem é de 66 são pessoas especiais, não há nada a dizer sobre este assunto, é assim. Escrevo com a mão esquerda mas faço outras coisas com a mão direita, não vou dizer o que mas… esta aqui um jardim incrível e agora eu podia continuar a falar e só para dizer uma última coisa antes a Cristina Mendanha vai -me perguntar milhões de perguntas…agora eu esqueci o que ia dizer mas pronto vou lembrar mais tarde. 

- De que forma te envolveste com a cidade/ espaço de residência desde projecto?

Eu primeiro queria liminar a arte total com uma proposta que tem a ver com um percurso de primeira, eu acho que a arte total é um lugar que é muito crescente em braga ou área do Minho, toda essa zona, eu sei isso porque eu vejo as propostas deles e eu queria dar uma contribuição com um “pilgrim” (peregrino), como é em português não sei, “pilgrim”uma pessoa que visita vários lugares sagrados, sei que vou visitar alguns lugares na cidade e incorporar uma certa visão, não particularmente como um espectáculo mas como um evento, eu acho que nesse momento o que me interessa é mais eventos do que reinos de espectáculos. Gosto deste intercâmbio com o publico ou quem está presente… (risos) neste momento e como é tão bom o tempo aqui neste momento aproveitei para fazer alguns momentos, não na cidade mas ainda vou tentar fazer algumas coisas na cidade, visitar os locais mais povoados agora na páscoa, tudo isto claro fotografado, como um registo de que eu estava a fazer, é uma questão de faço e não ter prova, hoje em dia tudo tem de ser provado. No final disso eu acho que a maneira que estamos a tentar cuidar o público talvez não e em geral talvez é um público especializado, de uma maneira ou outra mas para um espaço conhecido, quando eu fiz o salvo-conduto aqui em 2012, eu acho que foi em 2012 que tentamos transformar um espaço que todo mundo conheces sem mudar muito o local em si próprio mas talvez acrescentar ideias, imagens, lições que tem a ver com… eu estou a tentar hoje em dia, tentar explicar, não é o que eu faço mas é o que podia acontecer, aqui desta vez estou a tentar a criar um ambiente mais intimista talvez, de certa maneira mais perto, menos …posso dizer te agora, pode mudar ainda tem alguns dias mas tentar de uma maneira ou outra incluir e ao mesmo tempo excluir um pouco, nem precisa mas ao mesmo tempo precisa, como eu digo para o Filipe Lopes que é difícil dançar sem ter outros corpos a dançar e participar para mim é o mínimo, este não faz na rua, não esta a dançar na rua, só esta a representar uma figura muito presente no nosso dia, hoje em dia que é o crente, crente que visita lugares sagrados, braga é uma dessas cidades, queria também porque é páscoa, tentar saborear um pouco esta força aqui, seja isso estar exposto a outra cultura, não sei.

- O que te surpreendeu mais?

Para mim é um processo e vai ser um dos meus interesses hoje em dia, é o processo, o que acontece quando se tem uma ideia e tenta realizar esta ideia, e mesmo fazer, seja “isto vai funcionar ou não”, claramente um processo, eu não sei o que vou mostrar sábado, tenho ideias, claro, se muda um pouco também com este “personagem” que estar assim a influenciar uma nova proposta minha, mas tem a ver com “se este personagem funciona”, não é completamente teatro (risos) … também não é dança, não sei então o que é esta situação, talvez é uma situação de si próprio, eu sou um grande fã de processos, não estou muito interessado em, “ah ok, agora tenho um produto, está terminado”, um dos problemas que eu tenho é exactamente este, conteúdo esta proposto para outros lugares que não é na Arte Total, é que eles não aceitam que não tenha um produto em si próprio e isso é muito difícil de explicar e não é de ontem, faço isso há mais de 20 anos, tentar colocar este processo com um par mais importante que o produto em si próprio, eu não estou interessado em fazer 25 espectáculos ou 25 espectáculos diferentes, para mim podia ser 1 toda a minha vida e preferir, claro o espectáculo vai mudar, tem mudanças, mesmo o foco, eu acho que tenho o mesmo foco sempre, eu acho que não mudei, nesse sentido esta mais especifico, estou a tentar hoje em dia explicar qual e o objectivo, antigamente eu dizia “vai te foder”, hoje em dia estou a tentar explicar porque acho importante para mim hoje em dia é talvez vos escrever 5 livros, que foi o que disse no ultimo workshop, “ah vou escrever um livro, e mais tarde ah vou escrever outro livro, vou escrever outro” e agora cheguei em 5, disse pronto vou escrever 5 livros se houver mais momentos importantes tem que esperar. “Nós”, eu digo nós porque eu não sou a única pessoa que fala nas aulas, nos workshops, nos falamos muito e há pessoas que dizem as vezes “Uau! é muito bom escutar o que nos está a dizer, porque faz sentido quando você mostra dança”, porque eu disse “ você vê a mesma coisa que eu estava a dizer ou você vê uma outra coisa ou se é uma outra coisa”, “vamos ver quando é certamente o que eu estava a dizer”, entre aspas claro, tudo não é tão específico mas não é uma coisa vaga, não faço uma coisa que não tem nada a ver com o processo que eu estava a dizer com as pessoas.

- Como é que se amplia a experiência de dentro para um corpo de dança?

Pronto, seja o que eu faço ou o que digo (  …..  ) 12:20

Eu não sei escrever concretamente, cada vez que eu escrevo uma coisa concreta fica muito mal, primeiro tenho que começar entre aspas, claramente eu tenho muito respeito pela poesia, eu não estou a dizer nada sobre poesia, mas tenho uma maneira de sonhar com as palavras ok, seja esta poesia ou não, é uma estrutura diferente, mas que leva táctico quando tenho que escrever alguma coisa, projectos e não sei escrever porque é muito concreta ainda, vou tentar aprender a fazer isso porque é acho portante, claro português não sou tão bom, é pior quando escrevo e é difícil quando se está tantos anos fora do meu país e qual é o língua que tem que se explicar ou não e hoje em dia estou muito teimoso com esta questão de falar português mesmo porque os portugueses dizem: “ você preferia falar inglês?” Eu disse: “não eu prefiro falar mal português”. Se eles não percebem pergunta-me aí eu vou responder, vou tentar responder, porque acho que tenho palavras suficientes para tentar especificar, é um jogo interessante de tentar explicar com palavras, de uma maneira outra acho super importante, “não é ah é só uma coisa”, uma coisa não existe, coisa tem um valor, tem uma força de si próprio e eu acho que vale a pena tentar explicar, seja qual for a maneira que a pessoa queira que nós expliquemos, isso não sei, não é dizer como: (………….) 14:30

É um desafio, é um desafio de certeza absoluta, se eu percebo o que estou a dizer, eu acho que nunca se é experiente suficiente, acho que com o tempo eu sinto que há muitos elementos que precisa ainda conhecer em mim, no corpo, há momentos que eu controlo e domino o corpo e há períodos que eu não domino e controlo o corpo… (risos) como eu queria, mas mesmo assim eu acho que quando eu danço, acho que danço melhor agora do que antigamente, eu disse quando porque não é sempre que sai muito bem a dança eu assumo bastante, eu sou muito perfeccionista neste assunto, mesmo que não dance ballet, não é muito claro o que é talvez mas quando sai muito bem e não que é que diga “ah isso foi muito bem”, eu sinto bem a fazer isso, não é questão de dizer “ah agora eu danço bem” mas eu sinto que o corpo leva… “me”, evidentemente que é eu, para um outro lugar, isso é a grande vantagem de se ser com mais idade, eu acho.

- A escrita contribui para revelar o teu processo de criação?

Sim, se continuar a dançar (risos), sim eu acho que é possível, eu acho que em filosofia, em poesia, vou dizer só estas duas nesse momento porque por escrito ali há muita gente que escreve sobre dança e o corpo e faz isso muitíssimo bem, eu acho que nos que realmente usa o corpo e não é só observante de outros corpos, mesmo sabendo que é nosso corpo, nós temos obrigação de tentar escrever, eu acho que realmente nós precisamos fazer isso.

- Que livros foram importantes para ti? 

Ultimamente estou a ler coisas sobre budismo, outro foi sobre intuição, tem outro livro sobre ser feliz que é um grande monge, mas é muito particular porque foi uma amiga que disse pra eu ler esse livro, e eu disse ok vou obrigar a mim a ler esse livro, foi uma leitura quando eu tinha 18 – 19 anos, foi quando eu queria saber o que é verdade no mundo, hoje em dia eu não quero saber o que é verdade ou falso…(risos) eu quero é… eu infelizmente eu sou uma pessoa que não lê muito, infelizmente não sei, eu estudo muito comportamentos não só dos outros mas o meu também, eu gosto de livros difíceis normalmente, já li um livro que não era difícil mas era em japonês, eram 3 livros, 1019… como é que se chama … 1084…acho, isto não é verdade, foi o ultimo que era maior. Tenho uma instante com diversos livros, diversos tipos. Eu acho que tenho um interesse muito forte na europa, acho que estão muito atrasados em doutores e civilizações fora da europa, não sei certamente como explicar qual, tenho um grande interesse no oriente sempre teve, ( ….. ) ? 18:55

..Carlos Castanheta que é sobre bruxas e bruxas, fumar e chegar a outro lugar, como é viver, qual é os nossos problemas, também há um livro que se chama sol e lua, e não é a toa que eu sou a lua, quem ler livro vai perceber quem eu sou. Mas de certa maneira gosto de livros de arte e gosto muito de arquitectura, mas não é ler tanto, eu sou uma pessoa muito visual, mas eu gosto de palavra e falar como falo agora, desde muito cedo tenho de visualizar primeiro, e quando eu procuro palavras tenho de visualizar palavras senão… 

- Lês poesia?

Sim, o ultimo que eu li, é de Pacheco que é de Portugal do porto.

Eu não escolhi a dança a dança é que me escolheu.

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